O conceito de indisciplina apresenta diversos fatores que devem ser considerados e para seu diagnóstico. A simples dimensão comportamental deve ser superada, para uma análise consistente.
Podemos mencionar as condutas que os alunos exercem na escola, durante as atividades pedagógicas, dentro ou fora da sala de aula. Ainda, a indisciplina inserida no processo de socialização e convívio no ambiente escolar, ou seja, na relação interpessoal entre seus pares e com os profissionais que atuam na escola, bem como a valorização do patrimônio e do espaço físico da escola.
Assim, identificamos a indisciplina como incongruências entre os critérios, regras e expectativas assumidas pela escola, que se expressão em comportamentos, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento cognitivo dos indivíduos.
Por parte da escola, frequentemente há uma orientação consensual, para em seguida oferecer respostas severas de caráter autoritário.
Sabemos que a indisciplina não é um movimento estático, nas últimas décadas novas transgressões surgiram e certamente, outras serão vivenciadas. Ou seja, as manifestações são complexas, transgressoras e “criativas” e tendem a dificultar o convívio na comunidade escolar.
Também é fato que muitos alunos mais contestadores, com ou sem razão, irão se incomodar com aulas enfadonhas. Essa manifestação geralmente provoca conflitos entre o professor e o aluno. Muitos professores não conseguem, ou não sabem lidar com tal situação, desta forma, reforçam a permanência do conflito.
Podemos identificar o conflito como uma “instância” a ser apreendida e superada.
Um aspecto importante é quando o estudante vem indisciplinado de casa para a escola. Assim, por diversos fatores, os familiares desse aluno, não conseguiram impor limites em seus atos e isso será sentido na escola.
As relações emocionais e intersubjetivas entre professor e alunos poderão oferecer atitudes indisciplinares e distúrbios dentro da sala de aula.
A indisciplina não apresenta uma causa única e sua origem é diversificada, assim, sua solução tende a ser complexa e requer “levantamento de dados” sobre o aluno indisciplinado.
Mas podemos classificar a indisciplina em causas externas e internas à escola. E podemos observar influências exercidas na criança e no adolescente, como violência social, situação de risco social, meios de comunicação, ambiente familiar, entre outros aspectos.
Será possível elencar eventos ocorridos dentro na escola ou eventos externos manifestados contra a escola.
Para todos esses, será necessário uma política bem delineada a favor da disciplina institucional e no convívio professor aluno, novas estratégias preventivas e de intervenção.
A atenção
A maior parte dos dicionários conceitua a atenção como sendo “aplicação da mente a alguma coisa”.
Para nós professores, constitui o principal problema da aprendizagem.
Na realidade a atenção é uma das funções mais importantes do cérebro humano, colocando-se como ponte de ligação entre o que acontece ao redor e o fenômeno da consciência.
A atenção é função de qualquer animal, portanto, é essencial à vida. Para nós humanos são as informações consideradas relevantes. Nosso córtex cerebral age como um “dispositivo” alertando para “leituras” de nossos sentidos que são considerados “úteis” formando a consciência. Quando a atenção e consciência se unem, passa a existir interesse pela informação ocorrendo uma série de reações. A atenção e a consciência são “parceiras”.
Portanto, atenção e consciência são elementos neurológicos e podem adoecer ou serem educadas. E variam de uma pessoa para outra.
Quanto mais treinada for à área central do cérebro, melhor será o monitoramento das informações.
Atenção e consciência são estimuladas através do interesse e da motivação.
Quanto maior for o volume de informações residentes na memória, mais positiva ela estará para atuar seu estado de atenção.
Se o meio fornece uma informação incoerente à mente, esta busca uma resposta coerente, se esta faltar o córtex inicia uma fantasia ou uma fabulação. É por esse motivo que, quando uma pessoa perde uma perna, continua a senti-la por muito tempo.
Percebe-se, portanto, que as informações que chegam ao cérebro necessitam de unidade e coerência.
Muito dos nossos alunos, comportam-se assim quando dizem que não entendem o que estão ouvindo.
E quando são avaliados, mentem inconscientemente, através de respostas coerentes.
Pensando nisso, podemos padronizar alguns critérios simples:
• Estabelecer a chamada diariamente. (Temos que tê-los em aula para interagir).
• Propiciar atividades para todo o tempo da aula.
• Criar mecanismos de verificação dos conteúdos
(informações), que foram passados.
• Verificar os alunos desatentos e trazê-los para a aula.
• Entender suas falas, seus argumentos e ouvir suas perguntas.
• Criar, favorecer e reforçar o desejo de aprender seus conteúdos.
Será importante estabelecer ações avaliativas “mediadoras”, que possam prever a aprendizagem, a compreensão o questionamento e a participação.
Referencial teórico:
AQUINO, Júlio. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 2 ed. São Paulo: Summus, 1996.
DE LA TAYLLE, Yves. Limites: três dimensões educacionais.
São Paulo: Ática, 1998.